FAZ HOJE 93 ANOS
Alastor, ‘spírito da solidão,
Perseguiu, passo a passo, meus vãos passos,
Castigando, com vão e vis cansaços
O meu cansaço variado e vão.
Não busquei realidade ou ilusão,
Só para o próprio incerto abri os braços,
Por isso pesa nos meus membros lassos
Do Averno extremo a extrema confusão.
Longe das própria sombras desterradas
Erro excluso nas últimas estradas
Do Averno, sombra extinta em vagos níveis
Do abismo incerto, pálido e pequeno
Meu destino erradio agora peno,
Por ter amado a coisas impossíveis.
FERNANDO PESSOA, 11 DE JANEIRO DE 1918
FAZ HOJE 89 ANOS
Ó curva do horizonte, quem te passa,
Passa da vista, não de ser ou ‘star.
Não chameis da alma, que a vida esvoaça,
Morta. Dizei: Sumiu-se além do mar.
Ó mar ser símbolo da vida toda –
Incerto, o mesmo, e mais que o nosso ver!
Finda a viagem da morte e a terra à roda,
Voltam a alma e a nau a aparecer.
FERNANDO PESSOA 11 DE JANEIRO DE 1922
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