segunda-feira, 31 de outubro de 2011

FAZ HOJE 84 ANOS





Não: não pedi amor nem amizade
Às almas nem à vida;
Pedi-os à ilusão, à saudade,
E a uma 'sp'rança perdida.


O que me deram não compensa o nada
Do que a vida me deu:
Mas, como a um pobre, o que me deu pousada
Deu-me um pouco de céu.


Perdi já tudo: o que negou o que é
E o que o sonho me dera...
Sou hoje o sol que vagueia a pé
Entre o que foi e o que era.


Hoje, descrente até do que não há,
Vagueio em mim sem mim,
E tudo o que sonhei é um deus que está
Guardando a treva e o fim.


FERNANDO PESSOA, 31 DE OUTUBRO DE 1927

domingo, 30 de outubro de 2011

FAZ HOJE 80 ANOS


Sim, não tenho razão...
Deixa-me distrair-me do argumento mental,
Não tenho razão, está bem, é uma razão como outra qualquer...


Se nem creio? Nem sei.
Creio que sim.Mas repito.
O amor deve ser constante?
Sim, deve ser constante,
Só no amor ,é claro.
Digo ainda outra vez...


Que embrulhada a gente arranja na vida!
Sim, está bem, amanhã trago o dinheiro.


Ó grande sol, tu não sabes nada disto,
Alegria que se não pode fitar no azul sereno inatingível.


ÁLVARO DE CAMPOS, 30 DE OUTUBRO DE 1931

sábado, 29 de outubro de 2011

FAZ HOJE 76 ANOS





Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham, esquecem...
Não me ouves, e prossigo.


Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.


Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.


Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase sorrindo.


Até que, neste ocioso
Sumir de tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.


FERNANDO PESSOA, 29 DE OUTUBRO DE 1935

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

FAZ HOJE 102 ANOS





Dorme sobre o meu seio,
Sonhando de sonhar...
No teu olhar eu leio
Um lúbrico vagar.
Dorme no sonho de existir
E na ilusão de amar...




Tudo é nada, e tudo
Um sonho finge ser.
O 'spaço negro é mudo.
Dorme, e, ao adormecer,
Saibas do coração sorrir
Sorrisos de esquecer.


Dorme sobre o meu seio,
Sem mágoa nem amor...
No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.


FERNANDO PESSOA, 28 DE OUTUBRO DE 1909

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

FAZ HOJE 88 ANOS







A folha insciente, antes que própria morra
Para nós morre, Cloe,
Para nós, que sabemos que ela morre,
Assim, Cloe, assim
Antes que os próprios corpos, que empregamos
No amor, ela envelhece.
Assim, diversos, somos, inda jovens,
Só a mútua lembrança.
Ah, se o que somos é sempre isto, e apenas
Uma hora é o que somos,
Com tal fúria nessa hora nos amemos
Que arda sua lembrança
Como a vida, e nos beijemos, Cloe
Como se, findo o beijo
Único, houvesse de ruir a súbita
Mole do morto mundo.

RICARDO REIS, 27 DE OUTUBRO DE 1923

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

FAZ HOJE 92 ANOS





Cai do firmamento
Um frio lunar.
Um vento nevoento
Vem de ver o mar.


Quase maresia,
A hora interroga,
E uma angústia fria
Indistinta voga.


Não sei o que chora
Em mim o que penso.
Não é minha a hora
E o tédio é imenso.


Que é feito da vida
Dos outros, em mim?
A brisa é diluída
E a mágoa sem fim.


Seja a hora serena
E pálida, ou não,
Mas Deus tenha pena
Do meu coração!


FERNANDO PESSOA, 26 DE OUTUBRO DE 1919

terça-feira, 25 de outubro de 2011

FAZ HOJE 78 ANOS





Nada... Passaram as nuvens e eu fiquei...
No ar limpo não há rasto.
Surgiu a lua de onde já não sei,
Num claro luar vasto.


Todo o espaço da noite ficou cheio
De um peso sossegado...
Onde porei meu futuro, e o enleio
Que o liga ao meu passado?


E o grande céu é puro
Mas não há onde estou
Mais que a vereda onde eu, obscuro,
Arrasto quem não sou.


FERNANDO PESSOA, 25 DE OUTUBRO DE 1933

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

FAZ HOJE 94 ANOS





Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência da cousas 
O natural é agradável só por ser natural.


Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do inverno -
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no facto de aceitar -
No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.


Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o inverno da minha da minha pessoa e da minha vida?
O inverno irregular, cujas regras de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto verão
E o frio da terra no cimo do inverno.


Aceito por personalidade.
Nasci  sujeito como os outros a erros e defeitos,
Mas nunca ao erro de querer saber demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o mundo.


ALBERTO CAEIRO, 24 DE OUTUBRO DE 1917
  

domingo, 23 de outubro de 2011

FAZ HOJE 80 ANOS





Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem pensa assim!


Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...


Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim; 'stou em mim dividido.
Se ao menos chovesse menos!






FERNANDO PESSOA, 23 DE OUTUBRO DE 1931



sábado, 22 de outubro de 2011

FAZ HOJE 76 ANOS



PEDROUÇOS

Quando eu era pequeno não sabia
Que cresceria.
Pelo menos não o sentia.

Naquela idade o tempo não existe.
Cada dia é a mesma mesa
Com o mesmo quintal ao fundo;
Quando se sente tristeza
Está tristeza, mas não se está triste.

Eu era assim
E todas as crianças deste mundo
Assim foram antes de mim.

O quintal grande estava dividido
Por uma frágil grade, alta, de tiras
Cruzadas, de madeirinha,
Em horta e jardim.

Meu coração anda esquecido,
Mas não minha visão. De ela não tires
Tempo, esse quadro onde o feliz que eu fui
Dá-me uma felicidade ainda minha!

Inútil o teu curso flui
Para quem das lembranças se acarinha. 


FERNANDO PESSOA, 22 DE OUTUBRO DE 1935

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

FAZ HOJE 76 ANOS





Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.


Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas 


As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.


Mas. afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas. 


Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.


A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são 
Ridículas.


(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos
São naturalmente
Ridículas.) 


ÁLVARO DE CAMPOS, 21 DE OUTUBRO DE 1935




quinta-feira, 20 de outubro de 2011

FAZ HOJE 97 ANOS





UNS VERSOS QUAISQUER




Vive um momento com saudade dele
Já ao vivê-lo...
Barcas vazias, sempre nos impele
Como a um solto cabelo
Um vento para longe, e não sabemos,
Ao viver, que sentimos ou queremos...


Demos-nos pois a consciência disto
Como de um lago
Posto em paisagens de torpor mortiço
Sob um céu ermo e vago,
E que a nossa consciência de nós seja
Uma cousa que nada já deseja...


Assim idênticos à hora toda
Em seu pleno sabor,
Nossa vida será nossa ante-boda:
Não nós, mas uma cor,
Um perfume, um maneio de arvoredo,
E a morte não virá nem tarde ou cedo...


Porque o que importa é que já nada importe...
Nada nos vale
Que se debruce sobre nós a Sorte,
Ou ténue e longe, cale
Seus gestos... Tudo é o mesmo... Eis o momento...
Sejamo-lo... Pra quê o pensamento?...


FERNANDO PESSOA, ALHANDRA, 20 DE OUTUBRO DE 1914

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

FAZ HOJE 99 ANOS



VISÃO


Minha alma fica em si. O exterior
É o que ela de comum com os outros tem;
O ponto onde se tocam e convém
As almas e os seus sonhos.

Tudo é ver. As ideias, o abstracto
Que há em mim é também visível,
Só que vê-lo parece não ser ver
Pensar é ver.

Quando não vejo e vejo Deus...
Vejo a sombra de Deus...Além de mim
Estou então... O individual é a minha 
Imagem.

Mas tudo, em sua essência, é  ideia... A cor
É ideia,
De modo que em tudo vejo Deus
Mundo translúcido de Deus.

FERNANDO PESSOA, 19 DE OUTUBRO DE 1912

terça-feira, 18 de outubro de 2011

FAZ HOJE 77 ANOS





A reunião foi marcada
Para a véspera de nada.
Todos traziam segredos;
Os de alguns eram só medos,
Os de outros a vida errada
Ou a esperança perdida
A que chamamos a vida.


Nas ninguém apareceu.
Uns iam achar os céus,
Outros a cair no inferno
E outros, num ritmo mais seu,
Num caminho mais eterno.


Apareci eu, só eu;
E à sessão que não havia,
Presidi e nomeei-me
Secretário, e falei-me.
Entrei na ordem do dia.


Se isto aconteceu agora,
Ou fora de toda a hora
Que possa haver neste mundo,
Não sei, nem quero saber.
Sofro um descanso profundo
Da reunião por haver.


FERNANDO PESSOA, 18 DE OUTUBRO DE 1934

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

FAZ HOJE 78 ANOS





Pobre criança, então julgavas
Que o amor é o que não há?
Todas as almas nascem escravas
Até daquilo que haverá.
Julgavas que, por onde andamos,
Crescem as ervas que pisamos,
E não que as ervas e os ramos
Nasceram por que a vida os dá.


Cuidavas que, porque querias,
A Sorte havia de o querer,
Que só porque tu amarias
O amor te havia de manter.
Não acontece neste mundo
Nada que vá até ao fundo
Da alma. (...)


Quantas vezes, pobre criança,
Terias rido dos que são
Malucos, dos que têm 'sperança
Em mais que o pobre coração.
Mas vês - não são mais iludidos
Que esses teus pobres maus sentidos
Que estão agora nos olvidos
Desta exterior imensidão.


E assim mataste o pobre ser
Que tinhas para estares viva.


Serei amado se o quiser,
Mas só por o poder querer
É que minha alma não o quer.


Tem outras faces esta vida
Além daquela em que o sol dá.
Muita coisa viva escondida
Que só quem não quer achará.
Pobre criança que vivias
Nas margens das ribeiras frias
Onde correm sem fim os dias
E o tempo sempre correrá!


Tudo é outro, nada é quem é.
Tudo que vemos ou sonhamos,
À luz do sonho ou da fé,
É outra cousa que pensamos.
Pobre criança, e tu pensaste,
Que te amariam, ou que amaste,
Que nada foste, e nada achaste
Salvo uma sombra que há dos ramos.




FERNANDO PESSOA, 17 DE OUTUBRO DE 1933

domingo, 16 de outubro de 2011

POEMA SEM DATA



BARROW - ON - FURNESS


I

Sou vil, sou reles, como toda a gente.
Não tenho ideais, mas não os tem ninguém.
Quem diz que os tem é como eu, mas mente.
Quem diz que busca é porque os não tem.


É com a imaginação que eu amo o bem.
Meu baixo ser porém não mo consente.
Passo, fantasma do meu ser presente,
Ébrio, por intervalos, de um Além.


Como todos não creio no que creio.
Talvez possa morrer por esse ideal.
Mas. enquanto não morro, falo e leio.


Justificar-me? Sou quem todos são...
Modificar-me? Para meu igual?...
- Acaba lá com isso, ó coração!

II 

Deuses, forças, almas de ciência ou fé,
Eh! Tanta explicação que nada explica!
Estou sentado no cais, numa barrica,
E não compreendo mais do que de pé.

Por que havia de compreender?
Pois sim, mas também por que o não havia?
Água do rio, correndo suja e fria,
Eu passo como tu, sem mais valer...

Ó universo, novelo emaranhado,
Que paciência de dedos de quem pensa
Em outra cousa te põe separado?

Deixa de ser novelo o que nos fica...
A que brincar? Ao amor? , à indif'rença?
Por mim, só me levanto da barrica.


III 

Corre, raio de rio, e leva ao mar
A minha indiferença subjectiva!
Qual "leva ao mar"! Tua presença esquiva
Que tem comigo e com o meu pensar?

Lesma de sorte! Vivo a cavalgar
A sombra de um jumento. A vida viva
Vive a dar nomes ao que não se activa,
Morre a pôr etiquetas ao grande ar...

Escancarado Furness, mais três dias
Te aturarei, pobre engenheiro preso
A sucessibilíssimas vistorias...

Depois, ir-me-ei embora, eu e o desprezo
(E tu irás do mesmo modo que ias),
Qualquer, na gare, de cigarro aceso...

IV

Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expões um pequeno animálculo...

A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minha conclusões teóricas, confusões...

Que teoria há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de um mendigo que emigrou?

Fecho o caderno de apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...

V

Há quanto tempo, Portugal, há quanto
Vivemos separados! Ah, mas a alma,
Esta alma incerta, nunca forte ou calma,
Não se distrai de ti, nem bem nem tanto...


Sonho, histérico oculto, em vão recanto...
O rio Furness, que é o que aqui banha,
Só ironicamente me acompanha,
Que estou parado e ele correndo tanto...


Tanto? Sim, tanto relativamente...
Arre, acabemos com as distinções,
As subtilezas, o interstício, o entre,
A metafísica das sensações -


Acabemos com tudo isto e tudo mais...
Ah, que ânsia humana de ser rio ou cais!

ÁLVARO DE CAMPOS



sábado, 15 de outubro de 2011

FAZ HOJE 81 ANOS





Tenho escrito mais versos que verdade.
Tenho escrito principalmente
Porque outros têm escrito.
Se nunca tivesse havido poetas no mundo,
Seria eu capaz de ser o primeiro?
Nunca!
Seria um indivíduo perfeitamente consentível,
Teria casa própria e moral.
Senhora Gertrudes!
Limpou mal este quarto:
Tire-me estas ideias de aqui!




ÁLVARO DE CAMPOS, 15 DE OUTUBRO DE 1930

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

FAZ HOJE 81 ANOS





Por quem foi que me trocaram
Quando estou a olhar para ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.


Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
E que o tens para mo dar.


Depois aperta-me a mão
E viras os olhos a mim...
Por quem foi que me trocaram
Quando estás a olhar-me assim?


FERNANDO PESSOA, 14 DE OUTUBRO DE 1930

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

UM POEMA SEM DATA









POEMA EM LINHA RECTA


Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


Eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedindo emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora das possibilidades do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas.
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda agente que eu conheço e fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senão príncipe, - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que sou vil e erróneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.




ÁLVARO DE CAMPOS