A universalidade do Fernando Pessoa é hoje um facto. Não há país no mundo
onde o nome do Poeta não seja conhecido. Mesmo assim, é ainda com algum espanto
que vemos surgir factos surpreendentes.
Verificar, por exemplo, que
vieram viver para Portugal como estudiosos do Fernando Pessoa, seis
estrangeiros, (de que eu tenha conhecimento), de diversas nacionalidades.
Pessoas que, nos seus países de origem o traduziram e que pela sua obra se
apaixonaram.
Richard Zenith, americano,
que depois de traduzir Pessoa nos USA, veio residir em Lisboa e é hoje um dos
mais conceituados, decerto mesmo o mais conceituado, estudioso e editor da obra
do nosso grande Poeta.
Jerónimo Pizarro,
colombiano, que veio estudar português na Faculdade de Letras de Lisboa, e hoje
faz parte da Equipa “Pessoa”, responsável pela edição crítica da obra do Poeta,
perante a Secretaria de Estado da Cultura.
Antonio Cardiello, italiano,
que colaborou na recente edição da prosa do Álvaro de Campos feita pela
“Ática”.
Ptrício Ferreno, argentino,
de origem italiana, que colaborou na digitalização da Biblioteca de Fernando
Pessoa.
Pauly Bothe, canadiana,
filha de pai alemão e de mãe irlandesa, que, igualmente colaborou na
digitalização da Biblioteca do Poeta.
Jorge Uribe, colombiano,
vindo da Universidade dos Andes, em Bagotá, para a Universidade de Lisboa, onde
está a preparar uma tese sobre Fernando Pessoa. Também colaborou no estudo e
digitalização do Biblioteca de Fernando Pessoa.
Não citando os que, sem ter
vindo viver para Portugal, tanto colaboraram, quer no nosso País, quer no
deles, na divulgação da obra de Fernando Pessoa, como o George Rudolf Lind, alemão, que em 1966 já por cá andava, e
colaborou com o Jacinto Prado Coelho na edição de uma série de volumes com a prosa, de vários
matizes, que foi saindo da famosa arca, ou o francês, Robert Bréchon que, além
de ter sido, desde os primeiros tempos um tradutor do Pessoa, em França,
escreveu a melhor biografia do Poeta, - “Estranho Estrangeiro” -, e veio a
colaborar com um extenso e rico prefácio, no volume das “Oevres Poètiques” do
Fernando Pessoa, publicado pela Gallimard, na sua vitrine dos imortais: a
“Bibliothéque de la Pléiade”.
E é importante sublinhar que
os seis acima referidos, são hoje, portugueses!
Julgo, decerto por
ignorância minha, que esta situação não tem paralelo em relação a outros
poetas, ou noutras partes do mundo. E ela é espantosa! E por isso me pareceu de
interesse levá-la ao conhecimento daqueles que gostam de ler Fernando Pessoa