Faróis distantes,
De luz subitamente tão acesa,
De noite e ausência tão rapidamente
volvida,
Na noite, no convés, que
consequências aflitas!
Mágoa última dos despedidos ,
Ficção de pensar...
Faróis distantes...
Incerteza da vida...
Voltou crescendo a luz acesa
avançadamente,
No acaso do olhar perdido...
Faróis distantes...
A vida de nada serve...
Pensar na vida de nada serve...
Pensar de pensar na vida de nada
serve...
Vamos para longe e a luz que vem
grande vem menos grande,
Faróis distantes...
ÁLVARO DE CAMPOS, 30 DE ABRIL DE
1926