O Mestre sem discípulos
Tinha uma máquina errada,
Que apesar de ter vários manípulos,
Não fazia nada.
Servia de realejo
Quando ninguém a ouviria.
Quando parada, dava ensejo
A ser curiosa, mas ninguém a via.
Minha alma é talvez qualquer coisa
Como essa máquina errada.
É complicada, é caprichosa,
E não serve de nada.
FERNANDO PESSOA, 13 DE DEZEMBRO DE 1933
Sem comentários:
Enviar um comentário