Sim, a música, e já a mulher,
Não gosto tanto do marido.
Que sonhos vêem pertencer
A um passado nunca havido?
Sim, a música... Era melhor
Que a vida fosse sem trabalhos...
Tudo o que temos é engano.
A música! Que Diabo! Faz
Surgir um coração humano
Do corpo aonde a alma jaz.
Como se há-de ir fazer chá eterno
E ter dever ao pé de si,
Quanto este encanto vem do Inferno?
Serpente, ainda estás aqui!
FERNANDO PESSOA, 16 DE JANEIRO DE
1931
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