Na ampla sala de jantar das tias
velhas
O relógio tictaqueava o tempo mais
devagar.
Ah o horror da felicidade que se não
conheceu
Por se ter conhecido sem se
conhecer,
O horror do que foi porque o que
está está aqui.
Chá com torradas na província de
outrora
Em quantas cidades me tens sido
memória e choro!
Eternamente criança,
Eternamente abandonado,
Desde que o chá e as torradas me
faltaram no coração.
Aquece, meu coração!
Aquece ao passado,
Que o presente é só uma rua onde
passa quem me esqueceu...
ÁLVARO DE CAMPOS, 29 DE JANEIRO DE
1933
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