Movem nossos braços outros braços que os nossos,
Falam na nossa boca
lábios que não nos pertencem
Não somos agentes;
nós somos acções - os destroços
De gestos apenas
metade neste mundo em que a vida
Passa como um cortejo
em que os olhos de Deus pensem
E entre ele e o
cortejo pensado há quem age esta lida.
Somos cartas mandadas
de espírito para espírito na treva
Quebrada a ponte, nós
somos a ponte, e isso é falso...
Farrapos das
intenções dos anjos que a treva leva
E ao alto de cada
alma nossa ergue-se um cadafalso...
Tudo isso se passa
entre Deus e o ser que não temos
E no intervalo chora
o som da ida nos remos.
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