INTERVALO
Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm
escutado -
Aquele amor cheio de
crença e medo
Que é verdadeiro só
se é segredado?...
Quem to disse tão
cedo?
Não fui eu, que te
não ousei dizê-lo.
Não foi um outro,
porque o não sabia.
Mas quem roçou da
testa o teu cabelo
E te disse ao ouvido
o que sentia?
Seria alguém, seria?
Ou foi só que o
sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme
meu de ti
Que o supôs dito,
porque o não direi,
Que o supôs feito,
porque o só fingi
Em sonhos que nem
sei?
Seja o que for, quem
foi que levemente,
A teu ouvido
vagamente atento,
Te falou desse amor
em mim presente
Mas que não passa do
meu pensamento
Que anseia e que não
sente?
Foi um desejo que,
sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu
sonhar-te disse
A frase eterna,
imerecida e louca -
A que as deusas
esperam da ledice
Com que o Olimpo se
apouca.
Sem comentários:
Enviar um comentário