Tudo se vai ajustando
Ao fim que terá que
ser.
Sem acção, aguardo e
espero.
Férias: só o vento
brando
Enche de nada o que
quero,
Toca de bem o que
vier.
Depois da curva da
estrada,
Da jornada sem razão,
Terei o conhecimento
De quanto havia de
nada
Em meu pleno
pensamento
E minha inteira
sensação.
E então, livre do
Destino
Cujo poder entravou
O que fui sem que
existisse,
Entoarei o meu hino
Ao Deus que me deu
que visse
Que não sou esse que
sou.
FERNANDO PESSOA, 22
DE ABRIL DE 1934
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