Renega, lápis partido,
Tudo quanto desejei.
E vem deslizar sem ruído
Para onde nunca irei.
Pajem vestido em farrapos
Da glória que outros tiveram,
Poderei amar os trapos
Por ser tudo que me deram.
E, irei, príncipe mendigo,
Colher, com a boa gente,
Entre o ondular do trigo
A papoila inteligente.
FERNANDO PESSOA, 12 DE ABRIL DE 1934
terça-feira, 12 de abril de 2011
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