No país das lagoas a
tarde
É uma lagoa também...
O céu em água de fogo
arde
E a sombra vem
Sem rasto, ou alarde
Como as sombras que as
águas têm.
No país das lagoas
doente
Passei, e o coração
Ficou-me entre a
extensão silente
Da solidão,
Como uma alga ou um
reflexo - hálito rente
À consciência exterior
da sensação.
No país das lagoas,
paisagem
Que faz a alma parar
De uma angústia sem nome
e sem fim - pajem
De não poder pensar -
No país das lagoas
passei como uma aragem
Por sobre as lagoas
doentes, à procura do mar.
FERNANDO PESSOA, 28 DE
FEVEREIRO DE 1917
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