FRESTA
Em meus momentos escuros
Em que em mim não há
ninguém,
E tudo é névoa e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante erguendo
a fronte
De onde em mim sou
soterrado,
Vejo o longínquo
horizonte
Cheio de sol posto ou
nada,
Revivo, existo, conheço;
E, inda que seja ilusão
O exterior em que me
esqueço,
Nada mais quero nem
peço:
Entrego-lhe o coração.
FERNANDO PESSOA, 12 DE
FEVEREIRO DE 1934
Sem comentários:
Enviar um comentário