Pingos, vento, triste som, -
Junta qualquer coisa à hora
Que faz dormi-la ser bom.
Dá um sentimento vago
De que não ser é um bem,
Como se à margem de um lago
Nunca estivesse ninguém.
Um som de chuva na noite
Com tudo fechado e quedo.
Que o coração não se afoite
Porque existir é segredo.
Um som de chuva lá fora
Sem que se veja chover...
Dormir... Nunca ter agora...
Noite sem dia... Esquecer...
FERNANDO PESSOA, 27 DE MARÇO DE 1934
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