Dos princípios obscuros do viver;
Ó Noite fiel à escuridão sagrada
Donde o mundo é crime de nascer;
Ó Noite suave à alma fatigada
De querer nas descrença poder crer:
Cerca-me e envolve-me...Eu não sou nada
Senão alguém que quer a ti volver...
Ó Noite antiga e misericordiosa,
Que seja toda em ti a indefinida
Existência que a alma me não goza!
Sê meu último ser! Dá-me por sorte
Qualquer coisa mais do que a vida,
Qualquer coisa mais tua do que a morte!
FERNANDO PESSOA, 5 DE MARÇO DE 1910
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