Me ocupa como um vácuo a alma inteira...
Ó curva muda do céu vasto, ardida,
E terminantemente possuída
Por uma espiritual canseira...
Melancólica hora que os céus bordam
Sobre a tristeza anónima da terra...
Meus olhos, postos em vão oco, transbordam
E outros sentimentos (...) acordam
E debruçam-se sobre o que em mim erra.
E eu chego até à margem da minha alma
E das altas ameias vejo Deus
Como um mar vago numa funda calma.
FERNANDO PESSOA, 23 DE FEVEREIRO DE 1914
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