Hoje, deste ócio incerto
Sem prazer nem razão,
Como a um túmulo aberto
Fecho meu coração.
Na inútil consciência
De ser inútil tudo,
Fecho-o contra a violência
Do mundo duro e surdo.
Mas que mal sofre um morto?
Contra que defendê-lo?
Fecho-o, em fechá-lo absorto,
E sem querer saber.
FERNANDO PESSOA, 9 DE FEVEREIRO DE 1923
Sem comentários:
Enviar um comentário