Pesa a sentença atroz do algoz ignoto
Em cada cerviz néscia. É entrudo e riem.
Felizes, porque neles pensa e sente
A vida, e não eles.
De rosas, inda que falsas,teçam
Capelas veras. Breve e vão é o tempo
Que lhes é dado, e por misericórdia
Breve nem vão sentido.
Se a ciência é vida, sábio é só o néscio.
Quão pouco diferença a mente interna
Do homem da dos brutos! Sus! Deixai
Brincar os moribundos!
RICARDO REIS, 20 DE FEVEREIRO DE 1928
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