Na água a água forma
bolhas,
E o regato, rio a
brincar,
Leva também coisas e
folhas
Como se fosse para o
mar.
Obscuras vidas, sois o
mesmo
Que as grandes vidas a
brincar,
Levais o que levais a
esmo,
E o fim é sempre
qualquer mar.
Meu coração não tem
sossego,
Pensa que tudo é só
brincar
De deuses servos de um
deus cego
Para quem tudo é sempre
o mar.
FERNANDO PESSOA, 13 DE
MAIO DE 1929
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