Faze as malas para Parte Nenhuma!
Embarca para a universalidade
negativa de tudo
Com o grande embandeiramento de
navios fingidos -
Dos navios pequenos, multicolores,
da infância!
Faz as malas para o Grande Abandono!
E não esqueças, entre as escovas e a
tesoura
A distância polícroma do que se não
pode obter.
Faze as malas definitivamente!
Que és tu aqui, onde existes
gregário e inútil -
E quanto mais útil mais inútil -
E quanto mais verdadeiro mais falso
-
Que és tu aqui? que és tu aqui?, que
és tu aqui?
Embarca, sem malas mesmo, para ti
mesmo diverso!
Que te é a terra habitada senão o
que não é contigo?
ÁLVARO DE CAMPOS, 2 DE MAIO DE 1933
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