Na noite que me
desconhece
O luar vago, transparece
Da lua ainda por haver.
Sonho. Não sei o que me
esquece,
Nem sei o que prefiro
ser.
Hora intermédia entre o
que passa,
Que névoa incógnita
esvoaça
Entre o que sinto e o
que sou?
A brisa alheiamente
abraça.
Durmo. Não sei quem é
que estou.
Dói-me tudo por não ser
nada.
Da grande noite
embainhada
Ninguém tira a
conclusão.
Coração, queres? Tudo
enfada
Antes só sintas,
coração.
FERNANDO PESSOA, 18 DE
MAIO DE 1930
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