O ruído vário da rua
Passa alto por mim que sigo.
Vejo: cada coisa é sua,
Oiço: cada som é consigo.
Sou como a praia a que invade
Um mar que torna a descer.
Ah, nisto tudo a verdade
É só eu ter que morrer.
Depois de eu cessar, o ruído...
Não, não ajusto nada
Ao meu conceito perdido
Como uma flor na estrada...
FERNANDO PESSOA, 21 DE FEVEREIRO DE 1931
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