Tudo me cansa. Nada me consola.
O que fiz fi-lo em vão.
Tu, tocando arranjos de viola
Dás-me uma outra emoção.
Não me viste, mas vieste. Isso me basta.
Toca sem dor nem fim.
E a tua música, vazia, contrasta
Com o pleno de mim.
Quanto levantes baixa-me, mas antes
Quero eu teu soluçar
Que a vida toda com os seus cambiantes
De dormir sem sonhar.
FERNANDO PESSOA, 22 DE FEVEREIRO DE 1934
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