Deu-me Deus o seu gládio
porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em
desgraça,
Às horas em que um frio
vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os
ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que
me consome,
E este querer grandeza são
seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio
erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o
que virá,
Pois, venha o que vier,
nunca será
Maior do que a minha alma.
FERNANDO PESSOA, 21 DE
JULHO DE 1913
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