Não tenho quinta nenhuma.
Se a quero ter p’ra sonhar,
Tenho que a extrair
da bruma
Do meu mole meditar.
E então, desfazendo a
névoa
Que há sempre dentro
de nós,
Progressivamente
elevo-a
Até uma quinta a sós.
Vejo os tanques, vejo
as calhas
Por onde a água vai
pequena,
Vejo os caminhos com
falhas,
Vejo a eira erma e
serena.
E, contente deste
nada
Que em mim mesmo faço
externo,
Gozo a frescura
relvada
Da não-quinta em que
me interno.
Vilegiatura
impossível,
Dou-lhe nós para
lembrar,
E esqueço-a ao
primeiro nível
Do meu mole meditar.
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