No fundo do pensamento
Tenho por sono um
cantar,
Um cantar velado e
lento,
Sem palavras a falar.
Se eu pudesse tornar
Em palavras de dizer
Todos haviam de achar
O que ele está a
esconder.
Todos haviam de ter
No fundo do
pensamento
A novidade de haver
Um cantar velado e
lento.
E cada um, desatento
Da vida que tem que
achar,
Teria o contentamento
De ouvir esse meu
cantar.
FERNANDO PESSOA, 17 DE MARÇO DE 1931
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