Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Não quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.
FERNANDO PESSOA, 12 DE JULHO DE 1912
terça-feira, 12 de julho de 2011
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