Bóiam leves, desatentos,
Meus pensamentos de
mágoa,
Como, no sono dos
ventos,
As algas, cabelos lentos
Do corpo morto das
águas.
Bóiam como folhas mortas
À tona de águas paradas.
São coisas vestindo
nadas,
Pós remoinhando nas
portas
Das casas abandonadas.
Sono de ser, sem
remédio,
Vestígio do que não foi,
Leve mágoa, breve tédio,
Não sei se pára, se
flui;
Não sei se existe ou se
dói.
FERNANDO PESSOA, 4 DE
NOVEMBRO DE 1930
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