MAGNIFICAT
Quando é que passará
esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma,
terei o meu dia?
Quando é que despertarei
de estar acordado?
Não sei. O sol brilha
alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam
frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará
este drama sem teatro,
Ou este teatro sem
drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com
olhos de vida, quem tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué
parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha
alma!
Sorri, minha alma, será
dia!
ÁLVARO DE CAMPOS, 7 DE
NOVEMBRO DE 1933
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