Desperto sempre antes
que raie o dia
E escrevo com o sono que
perdi.
Depois, neste torpor em
que a alma é fria
Aguardo a aurora, que já
tantas vi.
Fito-a sem atenção,
cinzento verde
Que se azula de galos a
cantar.
Que mau é não dormir? A
gente perde
O que a morte nos dá pra
começar.
Oh Primavera quietada,
aurora,
Ensina ao meu torpor, em
que a alma é fria,
O que é que na alma
lívida e colora
Com o que vai acontecer
no dia.
FERNANDO PESSOA, 14 DE
NOVEMBRO DE 1931
Sem comentários:
Enviar um comentário