sábado, 17 de outubro de 2015

FAZ HOJE 102 ANOS



No outono as horas que passam
Passam mais devagar
No outono as asas que esvoaçam
Parecem voar sem voar.

No outono o sorriso é tardo
Que as cousas tentam ter...
Mesmo esta ânsia erma em que ardo
Parece mal arder...

Só um lento desassossego
Só uma angústia vaga
Como de um país cego
Para o mar que o alaga.

Para o mar que ruge e esquece
Sobre as costas, (...)
E essa terra que o mar (...)
E sonha com ele tendo-o...


(...) espaço deixado em branco pelo autor


FERNANDO PESSOA, 17 DE OUTUBRO DE 1913


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