Eu sou uma antologia.
'Screvo tão diversamente
Que, pouca ou muita a valia
Dos poemas, ninguém diria
Que o poeta é um somente.
Assim deve ser - qualquer,
Enfim porque já o seja -
Pode ser um, porque o é.
O poeta deve ser
Mais do que um, para poder.
Depois para si o poeta
Deve ser poeta também.
Se ele não tem a completa
Diversidade
Não é poeta, é só alguém...
Eu, graças a Deus, não tenho
Nenhuma individualidade.
Sou como o mundo.
FERNANDO PESSOA, 17 DE
DEZEMBRO DE 1932
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