Ah, abram-me outra
realidade!
Quero ser, como Black, a
contiguidade dos anjos
E ter visões por almoço
Quero encontrar as fadas
na rua!
Quero desimaginar-me
deste mundo feito com garras,
Desta civilização feita
com pregos.
Quero viver, como uma
bandeira à brisa,
Símbolo de qualquer
coisa no alto de uma coisa qualquer!
Depois encerrem-me onde
queiram.
Meu coração verdadeiro
continuará velando,
Pano brasonado a
esfinges,
No alto do mastro das
visões
Aos quatro ventos do
Mistério.
O Norte - o que todos
querem
O Sul - o que todos
desejam
O Este - de onde tudo
vem
O Oeste - onde tudo
finda
- Os quatro ventos do
místico ar da civilização
- Os quatro modos de não
ter razão, e de entender o mundo.
ÁLVARO DE CAMPOS, 4 DE
ABRIL DE 1929
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