Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o
rio.
Não é bastante não ser
cego
Para ver as árvores e as
flores.
É preciso também não ter
filosofia nenhuma.
Com filosofia não há
árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós,
como uma cave.
Há só uma janela
fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se
poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê
quando se abre a janela.
ALBERTO CAEIRO, ABRIL DE
1923
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