Guardo ainda, como um
pasmo
Em que a infância
sobrevive,
Metade do entusiasmo
Que tenho porque já
tive.
Quase às vezes me
envergonho
De crer tanto em que não
creio.
É uma espécie de sonho
Com a realidade no meio.
Girassol do falso agrado,
Em torno do centro mudo
Fala, amarelo, pasmado
Do negro centro que é
tudo
FERNANDO PESSOA, 18 DE
ABRIL DE 1931
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