Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha
alma.
E é tão lento o teu
soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira
pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas
perto,
Quando passo, sempre
errante,
És para mim como um
sonho,
Soas-me na alma
distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o
passado,
Sinto a saudade mais
perto.
FERNANDO PESSOA, 8 DE
ABRIL DE 1911
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