Há quanto tempo eu não
passava aqui
Por esta rua, há dez
anos talvez!
Aqui morei, contudo,
aqui vivi
Um tempo - uns dois anos
ou três.
A rua é a mesma, o novo
é quasi nada
Mas ela, se me visse, e
o dissesse,
Diria, É o mesmo, e eu
'stou tão mudada!
Assim a alma lembra e
esquece.
Passamos pelas ruas e
por gente,
Passamos por nós mesmos,
e acabamos;
Depois na ardósia, a Mão
Inteligente
Apaga o símbolo, e
recomeçamos.
FERNANDO PESSOA, 12 DE
MARÇO DE 1928
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