As bolas de sabão que
esta criança
Se entretém a largar de
uma palhinha
São translucidamente uma
filosofia toda.
Claras, inúteis e
passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as
coisas,
São aquilo que são
Com uma precisão
redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a
criança que as deixa,
Pretende que elas são
mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no
ar lúcido.
São como a brisa que
passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que
passa
Porque qualquer coisa se
aligeira em nós
E aceita tudo mais
nitidamente.
ALBERTO CAEIRO, 11 DE
MARÇO DE 1914
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