segunda-feira, 7 de outubro de 2013
POEMA SEM DATA
Quando era jovem, eu a mim dizia:
Como passam os dias, dia a dia,
E nada conseguido ou intentado!
Mais velho, digo, com igual enfado:
Como, dia após dia, os dias vão,
Sem nada feito e nada na intenção!
Assim, naturalmente, envelhecido,
Direi, e com igual voz e sentido.
Um dia virá o dia em que já não
Direi mais nada
Quem nada foi nem é não dirá nada.
FERNANDO PESSOA, 1921
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