Serena voz imperfeita, eleita
Para falar aos deuses mortos -
A janela que falta ao teu palácio deita
Para o Porto todos os portos.
Faísca da ideia de uma voz soando
Lírios nas mãos das princesas sonhadas,
Eu sou a maré de pensar-te, orlando
A Enseada todas as enseadas.
Brumas marinhas esquinas de sonho...
Janelas dando para Tédio os charcos...
E eu vejo o meu Fim que me olha, tristonho,
Do convés do Barco todos os barcos...
FERNANDO PESSOA, 6 DE OUTUBRO DE 1914
Sem comentários:
Enviar um comentário