Cai do firmamento
Um frio lunar.
Um vento nevoento
Vem de ver o mar.
Quasi maresia,
A hora interroga,
E uma angústia fria
Indistinta voga.
Não sei o que chora
Em mim o que penso
Não é minha a hora
E o tédio é imenso.
Que é feito da vida
Dos outros, em mim?
A Brisa é diluída
E a mágoa sem fim.
Seja a hora serena
E pálida, ou não,
Mas Deus tenha pena
Do meu coração!
FERNANDO PESSOA, 20 DE JUNHO DE 1919
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