Ah, a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em
nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas
dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do
desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que
eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha
imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois
pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e
sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da
vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.
ÁLVARO DE CAMPOS, 17 DE JUNHO DE 1929
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