MARCHA FÚNEBRE
Com lixo, dinheiro dos outros, e
sangue inocente,
Cercada por assassinos, traidores,
ladrões (a salvo)
No seu caixão francês,
liberalissimamente,
Em carro puxado por uma burra (a do
estado) seu alvo,
(...)
Passa para além do mundo, em uma
visão desconforme,
A República Democrática Portuguesa.
O Lenine de capote e lenço,
Afonso anti-Henriques Costa.
Mas o Diabo espantou-se: aqui entram
bandidos
Até certo ponto e dentro de certo
limite.
Assassinos, sim, mas com uma certa
inteligência.
Ladrões, sim, mas capazes de uma
certa bondade.
Agora vocês não trazem quem tivesse
tido a decência
De ao menos ter uma vez dito a razão
ou verdade.
FERNANDO PESSOA, POEMA SEM DATA
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