O HORROR SÓRDIDO DO QUE, A SÓS
CONSIGO,
Não será melhor
Não fazer nada?
Deixar tudo ir de escantilhão pela
vida abaixo
Para um naufrágio sem água?
Não será melhor
Colher coisa nenhuma
Nas roseiras sonhadas,
E jazerei quieto, a pensar no exílio
dos outros,
Nas primaveras por haver?
Não será melhor
Renunciar, como um rebentar de
bexigas populares
Na atmosfera das feiras,
A tudo
Sim, a tudo,
Absolutamente a tudo?
ÁLVARO DE CAMPOS, 12 DE ABRIL DE
1934
Sem comentários:
Enviar um comentário