GLÁDIO
A Alberto Da Cunha Dias
Deu-me Deus o Seu Gládio, porque eu
faça
A Sua santa guerra.
Sagrou-me Seu em génio e em desgraça
As horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e
dourou-me
A fronte com o olhar:
E esta febre de Além, que me
consome,
E este querer-justiça são Seu Nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do Gládio erguido
dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha Alma!
FERNANDO PESSOA, POEMA SEM DATA
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