quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

POEMA SEM DATA




E o som só dentro do relógio acentuado
No serão sem ninguém das casas de jantar da província
Põe-me o tempo inteiro em cima da alma,
E enquanto não chega a hora do chá das tias velhas,
O meu coração ouve o tempo passar e sofre comigo.

Tic-tac mais sonolento que o dos outros relógios -
Na parede, de madeira, este tem pêndulo e oscila.
O meu coração tem saudades não sabe de quê.
Tenho que morrer...
Tic-tac mecânico e certo - serão sereno mecânico na província...




ÁLVARO DE CAMPOS, POEMA SEM DATA


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