Eu só tenho o que não quero
E a vida é pouco p'ra mim...
Não sei por que coisa espero
Nem se a quererei enfim...
Conto as horas como moedas
Que nunca penso em gastar...
E como quem rasga sedas
Não uso o que quero usar.
Quem me dera poder ter
Alguma cousa na vida
Que chorar ou que querer...
Ó pobre à porta da ermida...
FERNANDO PESSOA, 7 DE FEVEREIRO DE
1915
Sem comentários:
Enviar um comentário