Quando virás destronar Cristo,
Ó Encoberto?
Na fria noite onde me atristo
De não ter perto
O Desejado, e a sua espada
Minha alma busca confiada
A tua mão.
Senhor, em nenhum campo ou guerra
Na Arábia ou não
Morreste... Vives ainda e a terra
Tua visão...
Vê os cristãos venderem teu Reino
E a tua terra
Quando virás?... Quando o teu Reino
E o fim da guerra?
Vê o Anti-Cristo, é Papa em Roma
Vem d'além de onde há mar e terra
Teu Portugal...
Cristo de Portugal, senhor
D. Sebastião!
Na noite teu gládio nu
Brilha e apavora
Nossa Pátria, Senhor, és Tu
Outrora e agora...
Tu és o sentido das águas
Dos nossos rios,
A dureza das nossas fráguas
Nossa paisagem é o teu nome
Que se derrama
Por sobre a nossa eterna forma
De forma humana.
Para o que amamos e buscamos,
Para que resta
Quando cansados já gozámos
E é finda a festa...
No teu cavalo branco volta
Ao reino teu
Sob névoa que os raios solta
No novo Céu.
Depois do (…) depois do Eclipse
Quando, Adorado,
A Besta do Apocalipse,
Tornar Reinado
E a Nova Cidade de Deus
Reconquistada
Por ti e o brilhar sob os céus
Na tua estrada...
Espera-te nas nossas almas
O olhar de além
Que vê entre balouçadas palmas
Jerusalém...
FERNANDO PESSOA, 7 DE SETEMBRO DE 1914
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