Teu nome ignoro. Teu
perfil deslembro.
Tuas palavras esqueci.
Era manhã, nevoeiro, era
Dezembro,
Quando te achei e te
perdi.
Sonho ou relembro?
Não sei. Era manhã e o
nevoeiro
Envolvia o que havia e o
que eu pensava,
Como um falso refúgio
derradeiro
Do que em parte nenhuma
estava.
Sonho, prolixo e
inteiro,
Mas se, nas teclas tua
mão errar,
Assim, despida de ser
tua, sei
Que talvez poderia achar
Entre o que não pude
encontrar
Aquilo que não acharei.
FERNANDO PESSOA, 18 DE
JANEIRO DE 1934
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