Não meu, não meu é
quanto escrevo.
A quem o devo?
De quem sou o arauto
nado?
Por que, enganado,
Julguei ser meu o que
era meu?
Que outro mo deu?
Mas, seja como for, se a
sorte
For eu ser morte
De uma outra vida que em
mim vive,
Eu, o que estive
Em ilusão toda esta vida
Aparecida,
Sou grato Ao que do pó
que sou
Me levantou.
Ao de quem sou, erguido
pó,
Símbolo só.
FERNANDO PESSOA, 9 DE
NOVEMBRO DE 1932
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